Inclusão Social: Professor ajuda crianças e adolescentes com aulas gratuitas de karatê

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O professor de artes marciais Paulo César Batista de Souza dá aulas gratuitas de karatê para pessoas carentes, no bairro de Pirajá. As aulas acontecem na Associação de Karatê Paulo Cesar (AKPC) e também nas escolas e nos espaços espalhados pela comunidade.

O projeto tem uma grande importância na comunidade de Pirajá e nos bairros vizinhos, pois tem como objetivo ajudar na formação das crianças e dos adolescentes para que se tornem cidadãos responsáveis.

O desejo de criar o projeto foi devido a um conhecio do professor entrar no mundo das drogas. “ Um amigo fazia karatê comigo. Ele não estava se adequando ao que eu prego. Tive que rebaixar a faixa dele, mas o pai não aceitou e com isso o rapaz parou de treinar. Hoje em dia, ele está envolvido com a criminalidade”, conta.

O professor ressalta que esse projeto ajuda a favela manter a garotada distante das drogas e do crime: “ Tentamos contribuir para que as pessoas, principalmente crianças e adolescentes, fiquem longe do mundo da criminalidade. Quando vejo os jovens na rua sem fazer nada já fico preocupado”, enfatiza.

Quem pode participar

Crianças a partir de três anos já podem ser treinado pelo professor. Ele diz que é uma alegria ver a criançada participando das aulas. “ ‘Professor mestre’, algumas crianças me chamam assim. Elas ficam felizes com as aulas, ficam entusiasmadas”, diz o professor sorrindo.

No projeto, o karatê é dividido em três etapas: recreativo, crianças de 3 a 4 anos; educativo, crianças 8 a 11 anos; competitivo, a partir dos 11 anos.

Durante as aulas, Paulo César costuma falar aos pais dos alunos a importância de preservar a família, a religião e a educação.

“São os três fatores importantes nas nossas vidas. Temos que cuidar dos nossos filhos, nossa companheira, temos que sempre dialogar como os nossos familiares. Nos dias de hoje, é fundamental estarmos próximos de nossa família”.

A mãe de um dos alunos do projeto, a dona Celi Nascimento, moradora do bairro de Santa Mônica, falou de como o Filho Samuel Nascimento, de 15 anos, melhorou o comportamento diante das pessoas.

“Meu filho tinha um problema social. Ele não interagia com as pessoas, ficava muito quieto, mas depois do projeto, das aulas do professor Paulo, Samuca evoluiu bastante. Ele agora está mais comunicativo, melhorou o relacionamento com as pessoas”, pontuou.

Dona Celi ainda encheu de elogios a maneira de como Paulo César lida com os alunos. “ Ele é muito centrado e prestativo. Dá atenção a todos do projeto”, diz.

No projeto social a família do senhor Marcos Antônio Santos Castro, morador do bairro de Pirajá, participa ativamente das aulas. A esposa Roberta Paula Alves de Souza Ribeiro e as filhas Juana Sibele Ribeiro Castro, 14 anos e Emilly Vitória Ribeiro Castro, 7 anos são treinadas na associação.

“Boa iniciativa do professor. A minha família está inserida no projeto dele. Fico muito grato por ajudar as crianças. Elas têm que estudar e terem boas notas para poder treinar. Minhas filhas e esposa gostam muito dele. É uma ótima pessoa”, relata.

De acordo com Paulo César os benefícios do karatê, são: disciplina, integração, socialização e conhecimento.

Professor mostra as medalhas e os troféus conquistados /  Créditos: Comuidade Notícia

Quem é o Sensei Paulo César?

Com 60 anos de idade e como mais de trinta anos ajudando as pessoas através do karatê, Paulo César é morador de Pirajá, graduado em Educação Física. Ele é casado e têm duas filhas e uma neta. Uma das filhas faleceu e devido a isso foi criado a “Copa Sensei Paulo César”, para homenageá-la.

Ele é faixa preta e se intitula como homem de família e muito estudioso. “Preservo a família e a infância. Sou estudioso, não paro de buscar conhecimentos. As pessoas falam que sou inteligente. Mas na verdade eu busco o conhecimento, sempre estudo”, diz.

“O karatê é a minha vida. Sem ele, não vivo, fico sem energia! A arte marcial é uma energia boa para mim”, fala Paulo César.

Paulo César fundou em 17 de julho de 2009, a Associação de Karatê Paulo Cesar.

Frases que faço questão de ensinar nas primeiras aulas

Esforçar – se para a formação do caráter, fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão, respeito acima de tudo, criar o intuito de esforço e conter o espírito de agressão.

“Estamos preparando eles (alunos) para adentrar na sociedade. Preparar psicologicamente para pensar antes de qualquer atitude”, o professor fala com entusiasmo.

Falta de apoio

O professor pede ajuda as pessoas. Ele diz que para manter o projeto sem recurso é muito complicado.

“Eu sou um guerreio, não tenho apoio financeiro de ninguém. Tiro dinheiro do próprio bolso. Algumas pessoas começam a me ajudar auxiliando nas aulas e nas coisas burocráticas, mas depois precisam cuidar de outros compromissos. Com isso, fico sozinho nessa luta”, fala.

Paulo enfatiza que não vai desistir de lutar pela comunidade. “Mesmo com toda a dificuldade, estou na luta. Vale a apena. Eu quero apoio, quero que as pessoas me ajudem”, diz.

Vale a pena

Ele contou que no mês de fevereiro ficou feliz e sentiu-se valorizado quando encontrou um ex-aluno. “ Em fevereiro encontrei um garoto, ex-aluno, que estava de férias aqui (Salvador). Ele agora mora no Rio de Janeiro e disse que foi promovido a cabo. Ele é fuzileiro. Formei ele em faixa preta. Fiquei muito alegre com essa notícia”, fala alegremente.

Paulo César deixa uma mensagem para as pessoas: “Se todo mundo fizesse um pouquinho, se um ajudasse ao outro, as comunidades estariam melhores”, finaliza.

 

Foto: Reprodução / Crédito:  Paulo César Batista de Souza

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