Empreendedores mostram a força da periferia de Salvador

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Alô, Comunidade! Se você pensa em empreender, vamos mostrar aqui dois exemplos positivos de empreendedores da periferia de Salvador.

Vamos começar pelo ‘Traz Favela’. O design gráfico Iago Santos, há cerca de quatro anos, percebeu como era difícil acionar serviços de entrega em áreas periféricas da capital baiana, como no bairro de São Caetano.

“Na época, eu e um primo (que veio a falecer) decidimos colocar uma petiscaria no bairro como uma forma de minimizar as necessidades locais. Com o tempo, percebi que as possibilidades eram outras e surgia o Disk Favela, que depois se transformou em Traz Favela”, revela.

A proposta de criar um serviço de entrega voltado para atender as zonas periféricas de Salvador cresceu e ganhou visibilidade em diversos programas de incubação.

Hoje, o TrazFavela ganhou corpo e consegue reunir um grupo fixo de 10 comerciantes e mais 10 empreendimentos que usam os serviços de entrega mais esporadicamente.

De acordo com Iago Santos, os clientes vão desde sexshop, lojas que atuam com o seguimento de beleza e roupa.

“Trabalhamos com 10 motociclistas que realizam as entregas de ponta a ponta da Cidade, em localidades que se estendem por Mussurunga, Santa Cruz, Fazenda Grande e Engenho Velho da Federação”, diz.

Atuando em parceria com os sócios Ana Luísa Sena (financeiro), Marcos Silva (tecnologia), Carlos Lima(operação), Iago diz que o grande desafio para esse ano será lançar um aplicativo próprio, além de expandir a atuação do TrazFavela para outros estados.

Aposta na periferia

Outro empreendedor que viu a aposta na periferia render frutos foi Glebsson Almeida, da GRV Moda.

Morador de Ilha Amarela, ele era consumidor da chamada longline, que se caracteriza por camisas mais longas e um estilo mais despojado de streetwear.

“Eu usava e encomendava minhas roupas de fora. Um belo dia a ficha caiu e decidi fabricar o que eu consumia”, conta.

O negócio começou com 50 peças, mas a qualidade e a exclusividade chamaram atenção do público e Glebsson precisou ampliar o negócio, especialmente no ambiente digital.

“No entanto, comecei a perceber que os clientes se sentiam mais seguros se houvesse uma loja física e não pensei muito: abri um espaço na comunidade, contratei duas costureiras, dois serigrafistas que também moravam no bairro e começamos a trabalhar com a mão de obra local”, conta, ressaltando que, tempos depois, também fez uma parceria com um fotógrafo e modelos moradores da Ilha Amarela e o negócio ficou ainda mais voltado para a comunidade.

Para ampliar o negócio, Almeida buscou a mentoria de incubadoras e isso possibilitou uma visão ainda mais ampla sobre seus investimentos.

Para o publicitário e autor do livro “Oportunidades Invisíveis”, Paulo Rogério Nunes, Salvador e sua periferia possuem um perfil criativo imenso, no entanto, os investimentos e a economia ficam restritas a poucos bairros, onde já há um histórico de investimento.

“O turismo, por exemplo, é uma dessas áreas com enorme potencial, contudo, resume-se ao Centro Histórico, Barra e Rio Vermelho, esquecendo de localidades como Pirajá, com suas reservas naturais, o Subúrbio Ferroviário que é lindo e não possui grandes empreendimentos como hostel e restaurantes; até o Curuzu que poderia se tornar uma espécie de Soweto (cidade sul-africana conhecida durante o regime do Apartheid) brasileiro”, completa.

 Pesquisa Economia das Favelas

A pesquisa Economia das Favelas (renda e consumo nas favelas brasileiras), desenvolvida pelos institutos DataFavela e Locomotiva, mostra que o Brasil possui 13,6 milhões de pessoas morando em áreas periféricas e que essa população movimenta cerca de R$ 120 bilhões por ano, valores que superam o número de investimentos em 20 dos 27 estados brasileiros.

 

 

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