Reflexão: Pedagogiras!
Alô, Comunidade! O professor Chico Nascimentos Magonleji, Mestre em Ensino e Relações Étnico Raciais e Especialista em Estado e Direito dos Povos e Comunidades Tradicionais, enviou para a redação do portal Comunidade Notícia (redacao@comunidadenoticia.com.br) um texto reflexivo a respeito das Pedagogiras.
No texto, o professor explica sobre a importância das Pedagogiras,- práticas pedagógicas a partir dos saberes dos terreiros.
Pedagoirar é ensinar e aprender nas giras de saberes, onde as práticas são transmitidas pela magnitude das teorias de pretas e pretos, que trazem as suas vivências, por vezes acompanhadas dos toques do tambor, engoma, batidas ritmadas pelos Xicarongomas, só eles podem acessar o pai tambor, movimentar as giras, dar passagens e ritualizar os movimentos.
Por Chico Nascimentos Magonleji
Pedagogiras!
As Pedagogiras são formas circulares de ensino e aprendizagens, nas trocas de saberes dentro dos terreiros de candomblé. Essa é uma prática secular aprendida e ensinada pelos mais velhos, através da oralidade, na cosmovisão africana.
Pensar em ensinos e aprendizagens no sistema educacional não formal é compreender o processo de rotatividade da palavra que, na sua profundidade cósmica, está sempre ligada a algum elemento da natureza. Seja na forma de enxergar um útero materno através de uma cabaça, bem como, festejar a quizomba maionga, festa de Tempo, Kitembu, no Nzo Bantu Indígena Caxuté, localizado no Distrito de Cajaíba, Valença-BA, liderado pela Sacerdotisa Mam’ Etu Kafurengá, lugar de ancestralidade e reconexão com o sagrado, que compreende a importância do banho sagrado e a sua simbologia de proteção, ensinada por uma mulher preta dentro da gira tradicional.
Pedagoirar é ensinar e aprender nas giras de saberes, onde as práticas são transmitidas pela magnitude das teorias de pretas e pretos, que trazem as suas vivências, por vezes acompanhadas dos toques do tambor, engoma, batidas ritmadas pelos Xicarongomas, só eles podem acessar o pai tambor, movimentar as giras, dar passagens e ritualizar os movimentos.
As giras são caminhos circulares, como uma grande espiral que nunca perde a ligação com o seu centro, a condução é realizada por uma pessoa mais velha, que media o diálogo e dá passagem para que todas participem, mas qualquer membro da gira pode conduzir o movimento, desde que autorizada pela sacerdotisa ou sacerdote do Nzo (Terreiro ou Ilê).
—————————-Em cada esquina tem uma notícia boa!! Divulgue!——————————–
É muito importante partilhar conhecimentos, saberes tradicionais da ancestralidade africana, que tem a sua força na oralidade indizível!