Psicólogo fala sobre depressão e suicídio: “ Quem estiver passando por isso a família pode ajudar escutando e incentivando”; confira a entrevista
Alô, Comunidade! A equipe da nossa redação bateu um papo com o nosso parceiro Marcos Maia, psicólogo, que já tem mais de 10 anos de carreira.Ele explica sobre o que é depressão e faz alerta de como uma pessoa apresenta sinais de cometer suicídio.
“O isolamento social, a extrema solidão e pessoas que relatam frases como: ‘a vida não tem sentido para mim…’, ‘eu sou um peso para minha família…’, ‘preciso dar um basta na minha dor insuportável…’, enfatiza o psicólogo.
Confira abaixo o bate-papo:
Comunidade Notícia (CN) – O que causa e o que é depressão?
Marcos Maia (MM) – De acordo com o Código Internacional de doenças (CID-10) F-32, a depressão é uma doença psiquiátrica grave que caracteriza-se por uma angústia profunda, sentimentos de tristezas recorrentes, desesperança e perda de sentido pela vida.
Há alguns tipos de depressão, sejam elas: depressão leve, depressão moderada, depressão grave e depressão gravíssima.
Conforme os estudos não há causas específicas para depressão, porém alguns fatores podem contribuir para a pessoa ter a doença. Fatores Genéticos, Bioquímica cerebral, Eventos vitais, como estresse e outros.
CN – A depressão pode atingir qualquer pessoa?
MM- Sim, pois a doença não escolhe classe social, nem cor e muito menos raça. Se o indivíduo tiver uma predisposição a doença, ele pode vir a ter depressão.
CN – Quais os principais problemas levam à depressão?
MM – Não há um problema específico que permitirá uma pessoa ter depressão. Algumas pessoas têm depressão por receberem um diagnóstico de uma doença grave, outros pela perda de um ente querido ou por não superarem o rompimento de um relacionamento e também por vivenciar um longo período desempregado sem perspectiva de reinserção no mercado de trabalho.
Desse modo, diverge de uma pessoa para outra devido à subjetividade e história de vida de cada um, pois há pessoas mais resilientes em determinadas situações do que outras.
CN – A depressão é o maior fator de risco para o suicídio?
MM – De acordo com alguns estudos, a depressão é uma das principais causas de suicídio, mas existem outros fatores por trás disso que acabam contribuindo para uma pessoa tirar a própria vida. Agora é bom destacar que nem toda pessoa com depressão comete o suicídio.
CN – Quais os sinais de alerta para saber se uma pessoa quer cometer suicídio?
MM – A pessoa que tem pensamentos e/ou ações suicidas ela está em sofrimento psíquico e a forma que percebe de dar um “basta” na dor é dando um ponto final na própria vida.
Com isso, observa-se alguns comportamentos de pessoas que pretendem cometer suicídio como: isolamento social, extrema solidão, pessoas que relatam frases como, “ A vida não tem sentido para mim…”, “eu sou um peso para minha família…”, “ preciso dar um basta na minha dor insuportável…”
CN – O suicídio é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no mundo. Por que eles são os mais atingidos?
MM – Conforme pesquisas, os jovens em sua maioria ao entrar em contato com algumas questões pessoais e por não saberem lidar de modo saudável com a situação recorre ao suicídio.
A dependência química, distanciamento da família, relacionamentos malsucedidos e a automutilação são alguns fatores que contribuem para que os jovens liderem as estatísticas do suicídio.
CN – Como se aproximar de uma pessoa que apresentam sinais que vai cometer suicídio?
MM – Sempre se colocar numa condição de escuta, empatia, sem indagações, sem posturas que julguem e nem culpabilize quem está em sofrimento. Neste sentido, a pessoa sente-se compreendida, cuidada, escutada e valorizada ao ponto de repensar sua decisão.
CN – A família, os amigos ou pessoas próximas podem ajudar a diagnosticar uma pessoa que deseja cometer suicídio?
MM- A família pode ajudar escutando e incentivando quem está em sofrimento a buscar um suporte psicológico. O suposto diagnóstico concedido pela família poderá gerar mais sofrimento para pessoa, que, por conseguinte pode se sentir julgada e exposta.
CN – De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil foram registrados 13.467 casos de suicídio, a grande maioria (10.203) entre homens. O que é preciso para mudar esse cenário?
MM – Acredito que um maior investimento financeiro em políticas públicas que promovam ações freqüentes direcionadas a valorização da vida, a importância do autocuidado. A implementação de grupos terapêuticos e a realização de atendimentos psicológicos para pessoas que não tem condições de usufruir desses serviços podem contribuir para minimizar esses dados estatísticos.
CN – Quem precisa de ajuda deve procurar quem?
MM – Um profissional de Psicologia.
CN – Qual a importância do Setembro Amarelo, mês de Prevenção ao Suicídio?
MM – É importante para chamar atenção da sociedade para um tema de grande relevância e permitir que pessoas que desejam cometer suicídio sintam-se acolhidas e encorajadas a buscar ajuda.
CN – As campanhas de Prevenção ao Suicídio deveriam ser mais intensas durante o ano todo?
MM – Sim, embora o setembro amarelo seja um mês específico de prevenção é imprescindível que durante todo o ano tenhamos ações preventivas com workshop, palestras e atividades em grupo que contribuam tanto para as pessoas que estão em sofrimento, quanto com aquelas que já tiveram desejo em cometer suicídio.
CN – Qual a mensagem você deixa para as pessoas que estão precisando de ajuda?
MM – Quanto mais que seja difícil vivenciar esse momento de ausência de sentido pela vida, é importante acreditar que esse período irá passar e ter ciência que cada um tem potencialidades possíveis de serem reconhecidas na relação com um profissional de psicologia.
Atendimento
Marcos Maia realiza atendimentos individuais e em grupo na Clínica Resplandecer no bairro da Pituba, de segunda a sexta, das 8h às 18h.É necessário agendar horário antes.
Endereço: Av. Paulo VI, N°1709, Edf. Racional Center sala – 303 Pituba. (71)99201-1201 – Salvador / Bahia
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