Espaço Poético – Sonhos Flácidos
Sonhos Flácidos
Lembro de uma lágrima,
Uma lágrima de menino
escapulindo no instante
da fotografia 3×4.
Uma lágrima se propondo eterna
esfera líquida, apreendida como
numa invenção impressionista.
Abre aspas ─ os que
com lágrimas semeiam
com júbilo ceifarão ─ fecha aspas.
Mas, para minha surpresa,
não saiu na foto a lágrima.
Escorreu, pulando da ponta do queixo.
Suicidou-se.
A lágrima, na foto,
é o rastro brilhante
na maçã do rosto.
Por Adão Cunha