Destaque do cenário musical baiano, jovem cantor e compositor inspira jovens a lutar pelos sonhos; confira a entrevista
Alô, Comunidade! “Eu acredito que o melhor caminho é acreditar em si mesmo e trabalhar pela realização”. Essa frase motivadora é do jovem, de 35 anos, compositor talentoso e dono de uma voz inesquecível, Alexandre Santana.
A equipe da nossa redação conversou com Alê Santana, como é conhecido no meio musical. Ele nasceu e foi criado no bairro da Liberdade (uma das comunidades mais negras de Salvador), e nos contou sobre a carreira, sonhos, conquistas e nos inspirou/inspira a lutar pelos nossos objetivos.
A gente precisa ser exemplo para os que vem atrás. Quanto mais gente negra da periferia fazendo sucesso – e eu tô falando de sucesso e não de fama – melhor pra todo mundo. A gente precisa equilibrar e dividir o bolo.
O músico disse em primeira mão para o portal Comunidade Notícia que vem novidade por aí! Em breve vai lançar mais um trabalho nas plataformas de música.
Alê Santana é arretado, ele é da comunidade!
Confira a entrevista abaixo:
De preto para preto!
Comunidade Notícia (CN) – Quem é Alexandre Santana?
Alexandre Santa (AS) – Eu sou Alê Santana. Sou compositor, cantor, conversador e jornalista. Adoro um bom papo e a sensação de criar músicas. A interação com o discurso e com as pessoas é o que me move.
CN – Qual foi a importância de sua família na sua vida?
AS – Total. A minha base familiar é muito legal. Venho de uma família simples, com origem no Recôncavo baiano e com base firmada no bairro da Liberdade, em Salvador, onde nasci e me criei. Foi deles que herdei o interesse por muita coisa que faço hoje, como a música e essa onda de ficar “resenhando” por aí. Minha avó materna, Dona Nita, sempre teve bom humor e passou isso pra maior parte da família.
CN – Qual é o seu sonho?
AS – Meu sonho é poder viver somente da música, das minhas composições.
CN – Como iniciou a carreira na música e qual é a sua referência musical?
AS – Comecei brincando de fazer com banda com meus primos e amigos de rua. Nem sabia que tinha dom para cantar e no meio da resenha acabei descobrindo. A coisa de compor músicas veio primeiro, eu acho. Sempre gostei de ler e brincar com as palavras e sons.
CN – Quem é a sua inspiração?
AS – Tenho muitas inspirações na música, mas os compositores populares são os que mais mexem comigo. A minha inspiração maior é Caetano Veloso, por tudo que ele já construiu e pela forma como transita em diversos estilos. Pra mim, ser compositor é isso. É indiscriminar gêneros e colocar sua impressão digital em cada segmento com sua obra. Mas também admiro muito compositores como Gilberto Gil, Djavan, Seu Jorge, Leandro Lehart, Tatau e muitos outros que já deixaram sua marca na música popular brasileira.
CN – Quais as foram as suas dificuldades para se tornar cantor e compositor?
AS – A minha dificuldade foi mais física-estética. Como sempre tive tendência para ser gordinho e iniciei cantando em bandas de axé e pagode, fui recusado em praticamente todos os testes. Aí desisti de cantar por um tempo e fui ser backing vocal, até que um amigo me convidou para ser o cantor da banda dele. Isso eu tinha uns 19 anos.
CN – Vale a pena lutar pelos os objetivos?
AS – E como vale! Como diria Emicida, “você é o maior representante dos seus sonhos”. É isso. A gente precisa ir à luta e buscar nossa realização. Eu ainda tô no meio do processo, apesar de já ter trabalhado com muita gente boa, e boto fé na minha realização.
CN – Como é viver no bairro da Liberdade (um dos locais que existem mais negros em Salvador)?
AS – Viver na Liberdade foi um dos grandes diferenciais positivos na minha formação. Tive acesso ao conhecimento de rua desde muito cedo. Sei muito bem a diferença entre ser malandro e ser marginal. Marginal é o que faz coisa errada e pronto. Malandro é a gente que consegue conviver em meio ao mal, mas sai, estuda, se forma, segue nossos sonhos sem passar por cima de ninguém e busca trocar uma ideia com os meninos mais novos para que eles entendam que existe um mundo muito maior fora da periferia. A periferia é massa, mas a gente não pode viver preso a ela. A ideia é melhorar nosso lugar de origem através do exemplo e da palavra. A Linha 8 é sensacional. Foi lá que me reconheci também como jovem negro, com todas as limitações e preconceitos. Foi vendo o Ilê Aiyê que eu me vi. Sou muito grato ao meu bairro pela régua e compasso.
CN – Qual a importância de um jovem negro oriundo de um bairro periférico se destacar no meio musical?
AS – A gente precisa ser exemplo para os que vem atrás. Quanto mais gente negra da periferia fazendo sucesso – e eu tô falando de sucesso e não de fama – melhor pra todo mundo. A gente precisa equilibrar e dividir o bolo. A gente também quer uma fatia do mercado e fazer arte, música, é um dos caminhos pra isso. É um canal de comunicação direto com as comunidades e é importante que a gente ocupe cada vez mais espaços.
CN – Na sua opinião, o que falta para mais jovens se destacarem positivamente nas comunidades?
AS – É só dar uma brechinha da janela que a gente escancara a porta! Se deixar, a gente broca. É por isso que muita gente não deixa…
CN – Como você está lidando com a pandemia e como produzir músicas neste momento tão difícil?
AS – Estou lidando bem, na medida do possível. Tenho aproveitado o tempo em casa para ler mais e, consequentemente, produzir mais músicas. Os dois primeiros meses foram de uma produção muito voltada à reflexão sobre os efeitos da pandemia, mas agora estou me desligando um pouco dessa temática e voltando a fazer músicas com outros temas. Isso não quer dizer que não esteja ligado no que está rolando. Eu, graças a Deus, tenho uma casa arrumada, com internet, luz, água, gás e tudo certinho pra viver bem, e sei que muita gente não tem essa estrutura e nem a possibilidade de estar em casa tranquilo e vive em exposição à doença o dia inteiro. A parte da produção musical, fisicamente falando, é que tem sido um pouco complicada, porque nem sempre a gente consegue fazer um som como queria estando cada um em sua casa. Mas o artista sempre se reinventa e dá um jeito de entregar conteúdo ao público. Inclusive, falando pra vocês em primeira mão: no dia 04/09 vou lançar o meu trabalho novo nas plataformas de música. É um disco com 7 faixas, intitulado Afroamor, que traz músicas no estilo afrobeat, com a temática voltada à questão do amor afrocentrado, das relações afetivas entre pessoas negras.
CN – Além da carreira musical, você também é jornalista. Como conciliar as duas carreiras?
AS – É difícil, mas eu dou conta na medida do possível. São duas profissões que se encontram muitas vezes, porque o artista independente ele não só canta. Ele precisa ser produtor, empresário e assessor de si mesmo muitas vezes. Nesse caso, ser jornalista me ajuda com alguns contatos e desenvolvimento de material de divulgação.
CN – Qual é o melhor caminho para os jovens conquistarem os sonhos?
AS – Pergunta difícil…Mas eu acredito que o melhor caminho é acreditar em si mesmo e trabalhar pela realização. Não creio em fórmula mágica. Walt Disney tem uma frase massa: “se você pode sonhar, você pode realizar”. É isso!
CN – Qual a mensagem você deixa para as pessoas, principalmente aos jovens, que querem entrar na carreira musical?
AS – Se joguem. Seja tocando, dançando, produzindo. O contato com a arte é fundamental para o ser humano. Fazer carreira na arte é muito difícil, mas os resultados são recompensadores.
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Parabéns, Alê Santana! Admiro-te bastante por sua garra, por seu talento! Desejo ainda mais sucesso com o novo álbum!
Parabéns ao Comunidade Noticía pela maravilhosa entrevista e ao cantor Alê Santana pelo dom da palavra, pela mensagem positiva que transmite através de suas canções. E um parabéns especial por incentivar os jovens a irem em busca de realizar seus sonhos.
Desejo sucesso e prosperidade no lançamento do seu novo álbum Alê Santana.
Que coisa linda, que orgulho!!!😍