Reflexão: Educação, pandemia e aulas remotas – o que as famílias precisam saber?
Alô, Comunidade! Hoje é dia de Coluna, é dia de estreia!
O professor Matheus Wisdom, o mais novo colunista do portal Comunidade Notícia, vai trazer textos reflexivos acerca da Educação brasileira.
Ele é licenciado em letras, pedagogo, psicopedagogo e neuropsicopedagogo, especialista em transtorno do espectro autista, educação especial inclusiva, entre outras especialidades.
O professor traz no primeiro texto reflexões sobre educação remota, família e pandemia. Confira:
Pensemos agora nas crianças. Que horas dormem? Qual horário acordam? O tempo é suficiente? O que assistem? Como se preparam para as aulas? Existem horários fixos de estudos? Infelizmente muitos familiares encaram as interrogações acima como “frutos da pandemia”, quando na verdade essa deveria ser a rotina benéfica de todo estudante com ou sem condições adversas.
Por Matheus Wisdom
Educação, pandemia e aulas remotas – o que as famílias precisam saber?
Pais, mães, familiares e responsáveis. Relacionar as palavras “educação” e “pandemia” na mesma frase já se tornou algo tão rotineiro e que, quase sempre, complementam discursos de situações inesperadas e que aparentemente não deram certo. Mas, será?
Acredito muito na força do que mentalizamos, buscamos e propomos. Estamos confinados em um 2020 interminável e com inúmeros planos frustrados. Todavia, nem sempre as crianças e adolescentes que enfrentam essa situação atípica conseguem ter o discernimento necessário para compreender que as responsabilidades permanecem embora seja preciso outras maneiras para executá-las. Quer dizer, então, das aulas remotas, será que você, responsável, repete a todo instante que “não deu certo”? Em caso afirmativo, tenha certeza que a sua criança possivelmente já ouviu e manter a atitude positiva nas aulas remotas diante de palavras negativas se torna um confronto mental inenarrável e que o exime da sua responsabilidade maior: estudar. Afinal, se não der certo, já era o previsto. Triste realidade. Afetividade e emoção. Toda criança precisa aprender afetada e emocionada, sem isso, a aprendizagem não se torna significativa. É reproduzida. Mecânica.
Enveredo-me, também, pela rotina diária imprescindível para as famílias nesse momento. Já parou para pensar na sua? Todos temos uma rotina, seja ela positiva ou negativa; o que não refletimos é como ela impacta as nossas atividades durante o dia, desde as mais simples até as mais complexas que exigem tomadas de decisões e absorção dos conhecimentos. Pensemos agora nas crianças. Que horas dormem? Qual horário acordam? O tempo é suficiente? O que assistem? Como se preparam para as aulas? Existem horários fixos de estudos? Infelizmente muitos familiares encaram as interrogações acima como “frutos da pandemia”, quando na verdade essa deveria ser a rotina benéfica de todo estudante com ou sem condições adversas. A pandemia só trouxe em evidência macro a desorganização de muitos lares que precisaram se reinventar dentro dos cômodos antes pouco utilizados devido as demandas externas de trabalho e estudos.
É verdade que, quando falamos de segmentos menores que contemplam a educação infantil, a presença dos pais e cuidadores é um fator de grande importância para o acompanhamento das atividades. Em segmentos posteriores, no entanto, já é esperada a autonomia desse educando quanto aos seus afazeres escolares, com ou sem pandemia. Isso envolve tempo, treinamento, paciência. Envolve, sobretudo, a consciência de que todos – escola, família e educando – estamos inseridos no mesmo processo de aprender, sem hesitações, interdependentes.
A verdade é que não sabemos até quando a situação se estenderá. Procurar culpados para as incertezas, os erros e os objetivos não atingidos agora certamente não trarão as soluções esperadas. Será que vale mesmo a pena culpabilizar escolas e professores pelo viés que a educação tomou durante esse período? Comece modificando seu modo de pensar, pelas pequenas atitudes, pelo otimismo, pela esperança, pelo acreditar. Fácil não é, mas pode dar certo. E jamais esqueça: Organizar-se é tão necessário quanto reinventar-se.